O lobo, a serpente, o bode e o porco pleitearam a vaga de superintendência dos animais.

Ao subir no palco, o esperto e ágil lobo foi dizendo que teve um sonho e que um ser branco com asas disse que ele seria o próximo líder dos bichos. Ele convocou o patrocínio das ovelhas por serem suas únicas mantenedoras, e que até suas reservas deveriam ser doadas. Não deu muitas explicações, mas disse que seria pela causa maior do bem-estar das ovelhas.

A serpente quase cega, sem dentes, sem pés e mãos, seguiu a mesma linha e disse que continuaria sendo considerada a maior líder do grupo dos animais e que um vento muito forte provindo dos quatro cantos da terra soprou calmamente na ponta da sua língua, dizendo: Veja! Corra! Salte! Você será a próxima líder dos bichos! Então ela convidou todas a suas cordeirinhas auxiliadoras a procederem com fiéis doações de tudo que tinham. Cada uma deveria preencher seu envelope de 2 metros quadrados produzidos especialmente para a doação. Sem explicações, disse que todas seriam recompensadas logo após o retorno dos quatro ventos.

O bode desqualificou a colocação dos seus rivais dizendo que eles queriam ter poder e o que fosse de valor de suas colaboradoras, mas que ele faria diferente, devolveria cem vezes mais tudo que elas dessem, e ainda com correção monetária!

Por fim, o porco tendo um vasto conhecimento em contendas, com seu apurado paladar na lavagem e com monturos de bens para investir na disputa, foi aclamado superintendente dos animais não dando chances aos seus competidores.

O lobo chorou, e com o rabo entre as pernas disse que antes de dormir e sonhar havia banqueteado com sua roda de amigos mais chegados, então o sonho de “barriga cheia” o enganou.

Os quatro ventos não voltaram causando o desaparecimento da serpente.

O bode disse que sua promessa sempre foi verdadeira e que daria a recompensa para quem chegasse ao céu.

Lobos…
Serpentes…
Bodes…
Porcos…

[OAOJ]
[www.odairjunior.com.br]