Existem momentos, dias, semanas que parece estar em nossa mente uma manada de tarefas e exigências diversificadas em todos os âmbitos da vida, podendo ocasionar inúmeros revezes, sendo o estresse um dos mais evidentes, motivador da insônia e outras causas mais.

Depois de alguns minutos acordado na madrugada tentando algo produtivo no smartphone, estando em baixo da coberta, ouço distante: – Mamãe! Retirei a coberta, levantei a cabeça para ouvir melhor, e aguardei atento se ocorreria novamente.

Mamãe! (bem baixinho)

Levantei rapidamente e fui ao quarto dos nossos filhos me deparando com meu primogênito querendo a presença da minha querida esposa, então o abracei e perguntei cochichando:
– O que foi, Netinho?
Ele respondeu, bem baixinho:
– Queria ficar com o senhor um pouquinho!
Na intenção de entender o que havia ocorrido, perguntei novamente:
– Aconteceu alguma coisa?
Ele voltou a responder:
– Queria ficar um pouquinho com o senhor.
Sem saber ao certo o porquê, acreditei que naquele instante ele queria apenas a presença de um de nós. Pensei: “talvez amanhã converse com ele para saber o que aconteceu, mas neste momento quero apenas que ele durma bem”.

Calmamente o deitei, o cobri com uma mantinha pequena, e outra maior por cima da menor. Para que sentisse minha presença, me deitei de qualquer forma já meio que me programando para sair da cama sem causar grandes “alardes”.

Fiquei na ponta da cama desajeitado e meio que pendurado com os pés no chão por não os ter calçado ao ter saído com pressa do meu quarto. Com o pé direito tocando o azulejo e esquerdo em cima do outro, sentia o chão muito frio no que me esforcei até conseguir colocá-los em cima da cama.

Notando um dos braços e mão dele sobre mim, permaneci ouvindo a respiração calma e profunda que ele emitia, mas não somente isso, diversos pensamentos permearam minha mente, então tive que registrá-los. Segue alguns deles:

* Um sentimento maravilhoso se movimentou dentro em mim identificando como é bom ser reconhecido como pai e protetor.
* Alcancei enorme gratidão pela vida mesmo não tendo muito, mas possuindo muito, pois minha esposa e meus filhos são meu tesouro e fazem parte da razão do meu viver.
* Percebi o quanto é precioso ser parte de uma família que considera o amor antes de qualquer outra coisa, e que continuará se esforçando para isso.
* Reconheci mais uma vez que tenho que ensinar tudo quanto for possível aos meus filhos, óbvio, o que for bom e positivo, mesmo que alguns ensinamentos não sejam agradáveis na visão deles.
* Decidi que tenho que ter ainda mais paciência, pois no dia anterior fiquei com eles enquanto minha esposa foi à uma reunião na escola em que o Neto estuda, e enquanto estávamos na sala me deitei no sofá e eles ficaram brincando super animados. Estando bem cansado, não só o físico, mas sobretudo o intelectual, por vários momentos quis e quase agi de forma grosseira para que eles parassem. Graças a Deus consegui me conter em deixá-los brincar, pois é o melhor que podem fazer agora.
* Tenho que aproveitar cada momento ao lado deles não como se fosse o último, mas compartilhando e fazendo parte da liberdade e flexibilidade que eles necessitam, em razão de que crianças precisam preencher e saciar a euforia em se divertir sem a noção do perigo que não têm, mas que suas pequenas quedas, seus pequenos erros, e principalmente seus pais com muito carinho e cuidado os ensinarão.

Não permita que a fadiga, seja ela qual for, te impeça de ser alguém que sua família espera e precisa que você seja!

As crianças gostam de pisar em possas de água, de lama, e se não permitimos eles nunca terão noção do que isso significa. Qual é o problema de fazerem isso uma vez na vida?

Gostam de sentar na areia, senti-la na boca, quando então rapidamente seu responsável explica calmamente e com paciência:
– Isso pode fazer mal para sua barriguinha, não coloque na boca!
O triste é que muitos gritam como se a criança fosse um pós-graduado em doenças provindas da areia e dos seus conteúdos, querendo que entenda com uma só frase tudo que já sabemos depois de anos de aprendizagem, e uma certeza que podemos ter é que a criança já sentiu que aquilo não é nada agradável ao paladar.

Nossas frases podem materializar uma barreira gigantesca na mente dos nossos pequeninos fazendo com que eles convivam com limites que nós temos, mas que não precisaríamos, muito menos eles. Como também, podemos marca-los com frases do tipo: “sou orgulhoso por te ter em minha vida”, “você ainda vai me dar muitas alegrias”, “você é um show de filho”, “você decide o que vamos fazer hoje”, “me diga o que o papai fez e você não gostou”, “muitas vezes o papai não gostaria de te corrigir, mas faço isso porque não quero que se machuque, e o mais importante, te amo e quero o melhor para você”.

Muitos têm corrigido seus filhos agindo como se fossem chefes furiosos pelo trabalho que sofreu atraso, ou pior, como um cachorro que comeu a sandália, e poderíamos nos perguntar: a criança merece e realmente entende de forma completa porque recebeu tudo aquilo? O melhor sempre será ensinar através do diálogo para que entendam o erro, pois o que não é ensinado não é aprendido, e queremos que aprendam da melhor forma, mas se necessário, uma correção mais vigorosa com bastante cuidado também causará grande ensinamento.

Ensinar educação com educação não é para qualquer um, mas nossos pequenos aprendizes merecem isso, porque dependendo o que for ministrado não será nenhum susto sermos chocados contra imagens e situações de desgosto e mais, vergonhosas! Sigamos com educação, pois amanhã seremos surpreendidos com belas imagens das ações provindas do que foi lecionado e ainda com melhorias!

[OAOJ]