Todos os dias grandes estruturas com indicação luminosa do trajeto final, rodas, assentos, cordinhas e botões para indicar que se deseja descer, e no mínimo duas pessoas – o motorista e o cobrador – tem o objetivo de contribuir no dia de muitas outras pessoas.

Diversas etnias e culturas fazem parte desses momentos e é muito interessante observar cada uma delas. As diferenças são absolutamente fantásticas ao ponto de causar admiração ou excentricidade, depende de como esta pessoa se porta desde que adentrou, até o momento que se retirou do recinto.

É necessária certa paciência em alguns horários, pois muitos espaçosos sem qualquer tipo de sensibilidade social, dificultam o que era para ser simples e rápido: o trânsito de seres humanos no corredor do ônibus.

Se um assento melhor fica vago, alguém que já está assentado não satisfeito, muda rapidamente para este outro lugar para não perder a oportunidade contra os que estão em pé. Acredita nisso? Pessoas disputando uma vaga para se assentar como se fosse caso de vida ou morte!

Alguns motoristas se parecem mais com pilotos de fórmula 1 do que propriamente com um condutor do veículo de transporte de pessoas. Eles percorrem pistas em alta velocidade quase deitando o ônibus nas curvas como se estivessem tentando transformar o ônibus em um grande liquidificador.

A necessidade faz o ônibus se transformar em uma cabine telefônica pública onde alguns compartilham qualquer tipo de assunto, até delicados e confidências, e sem nenhum tipo de constrangimento descrevem, detalham, gritam, brigam, xingam a pessoa que está do outro lado da linha ou, na maioria das vezes, isso tudo contra terceiros que nem podem se defender.

Outras vezes pode acontecer de não estarem no telefone, mas, acompanhados de amigos, conversarem no mais alto e audível som como se todos quisessem saber daquele assunto ou de histórias da vida dos indivíduos inclusos na roda e no tema.

Uma situação extremamente ruim é quando o trânsito fica engarrafado chegando a levar cerca de 1h para que o ônibus percorra 500 metros, e pior ainda é quando começa a chover muito, impedindo qualquer ação em sair do ônibus e ir caminhando.

Existem os que estão assentados e querem ajudar carregando as bagagens de outras pessoas, e isso é muito bom, pois além de carregar seus pertences as pessoas ainda precisariam, não apenas se segurar, mas, se equilibrarem para não sair rolando ou voando para cima dos outros.

Fica mais fácil para àqueles que querem ler quando o ônibus está com um número menor de pessoas. Já quando estando cheio, os leitores ficam com os braços colados ao corpo e com o que está se lendo, grudado no rosto.

Pode acontecer de alguém pisar no seu pé e isso não seria nada raro, e muitas vezes pode ocorrer o contrário, você imaginar ter esmagado o pé de alguém por ter encostado com a parte de baixo do seu pé no pé de outra pessoa. O pior é quando não dizem absolutamente nada, como se nada houvesse ocorrido, mas é preciso ter um mínimo de educação pedindo desculpa.

Por incrível que pareça, se você fechasse os olhos em alguns momentos, imaginaria estar em um jardim florido pelos vários aromas e colorações audíveis do ambiente, mas as vezes ocorre o total contrário, a degradação absoluta ganha rapidamente espaço reprimindo os apurados olfatos, tendo que, seus membros tentáculos protegerem ou obstruir o acesso externo.

Em alguns ônibus você não vai só receber a permissão para transpor a roleta por ter pago ou identificado seu cartão no sistema de liberação automatizada, mas também poderá comprar pamonha, pastel, água, refrigerante, do próprio oficial tributário do ônibus (cobrador).

Se você quiser um chocolate, não se preocupe, é comum alguém passar vendendo deliciosos docinhos com vários recheios de frutas, ou se quiser o inverso, poderá comprar salgadinhos, pacotinhos de amendoim queimado, dentre outras guloseimas aprazíveis.

Artistas independentes muitas vezes tomam o centro do corredor como se fosse um grande palco, e por alguns minutos, dão um grande show mesmo que ninguém queira assistir ou ouvir. Logo após, passam comercializando seus produtos.

Não queira entrar no ônibus errado, pois mesmo que ele vá para onde você deseja, passará por um trecho totalmente contrário aumentando e muito o tempo para chegar em seu destino.

Outra curiosidade é que algumas pessoas levam suas estruturas de som do tamanho de uma caixa de fósforo, e mesmo que os outros ouvidos não queiram, tornam-se receptáculos dos mais variados e ecléticos tipos de músicas.

É muito comum as pessoas estarem com bolsas ou mochilas, mas alguns sem nenhum senso para contribuir com o espaço, não se importam e fazem com que sua bagagem de mão atrapalhe o trânsito dos demais ou pior, fique batendo e incomodando os que estão mais próximos.

A poucos instantes alguém estendeu a mão para que o ônibus parasse, foi até a porta de frente e pediu que o motorista abrisse a porta do meio para que ele colocasse um material, e que depois voltaria para entrar e assim pagar a condução. Eu estou no exato local onde ele depositou o material: várias barras de ferro de mais ou menos 1m, e tem até um garfo de bicicleta soldado em uma das barras. Ele está bem suado o que me parece ter carregado todo esse material por uma grande distância. Isso é bem frequente, pessoas transportarem matérias e estruturas nos ônibus.

E quando alguém precisa descer e o ônibus está lotado? É aí que entra em cena as bolas de boliche: saem correndo e derrubando quem quer que seja para alcançar não uma pontuação, mas uma das portas de saída.

Gostaria de conversar com cada uma das pessoas que já tive contato nos ônibus. Seria muito legal fazer amizades e conhecer um pouco da história de cada um, mas infelizmente isso seria impossível pela total desconfiança que tomou os corações nos dias atuais.

Não interessa se você possui 1 centavo ou 1 milhão, utilizar o sistema público de transporte não te diminuirá em nada, e se você souber tirar proveito disso vai ter aulas grátis, se divertir, se aventurar, ter contato com pessoas, o que é de grande importância para nós que estamos na classe dos seres sociáveis.

Sinto falta quando fico dias sem esses momentos nos ônibus: de casa para o trabalho, do trabalho para casa. Tomara que eu continue tendo estas oportunidades!

É gratificante poder entrar no ônibus e dar bom dia para o motorista mesmo não tendo espaço para uma mosca voar ali, até porque a grande maioria não faz isso. Passar pelo cobrador e mesmo que ele esteja com o rosto carrancudo, dizer: Tenha um bom dia! Isso de alguma forma dá esperança para alguém que talvez não estivesse tendo um bom dia. Também, pedir licença e desculpe se necessário, para se encaminhar até onde queira ficar dentro do ônibus.

Aproveite e faça com que todos os momentos de sua vida, mesmo dentro de um ônibus lotado, sejam de valor! Não espere chegar no final de semana para dar valor nas poucas horas no parque ou na companhia de pessoas conhecidas. Obvio que isso é de grande estima, mas o tempo que estamos dentro de outros lugares com outras pessoas é bem maior do que com os nossos.

Contudo, as poucas horas com nossa família devem ser os melhores momentos de nossas vidas! Crie estes melhores momentos de sua vida, principalmente com eles, mas também, em qualquer lugar que esteja!

[OAOJ]